segunda-feira, 17 de junho de 2024

Resenha #340 Sankofa (Juliana Vicente)


Sankofa é um conto de Juliana Vicente de 2023 que faz uma viagem afrofuturista que começa com a investigação de um assassinato na corte da Rainha Dyia, soberana de Lapak. Ela recorre ao ritual do Sankofa. O conto é bastante introspectivo e a escrita é muito envolvente e, ao mesmo tempo, consegue criar um mundo de Space Ópera muito intrigante. Principalmente porque o conto termina como o fim de uma pincelada de algo maior. Ainda sim, o conto é bastante satisfatório e não parece algo reduzido de um livro. Espero que venham mais histórias baseadas neste universo.
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segunda-feira, 10 de junho de 2024

Resenha #339 Mafagafo 3, Janeiro. Cabaré em Chamas (H. Pueyo)


Cabaré em Chamas é a edição de Janeiro de 2020 da Revista Mafagafo, e foi escrita por H. Pueyo e se passa entre Vitória/ES e Rio de Janeiro na pele de Ariadne que vive reclusa numa clínica para guls. Esta é a particularidade deste mundo, pois é o nosso mas com uma sociedade de criaturas que se alimentam de gente, se regeneram muito rápido e são amortais (não morrem naturalmente). É quando Ariadne é surpreendida com a visita de um gul a procura do antigo cuidador de Ariadne que sumiu há alguns anos, então eles são obrigados a unir forças para encontrá-lo.

A leitura é muito bem feita. Envolve o leitor no mistério, mas faz isso enquanto nos encanta com os personagens, com a craitura inumana que atiça a curiosidade, mesmo sendo uma ameaça em si. O desenrolar da história é sensacional, pois a autora não deixa a peteca cair em nenhum momento. O desenvolvimento é tão bom que a resolução do mistério já nem importa mais, pois queremos conhecer apenas mais sobre esse mundo. Cabe avisar que a história tem gatilho de violência e abuso, mas a autora aborda o tema com muita sensibilidade. É uma noveleta sensacional.

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segunda-feira, 3 de junho de 2024

Resenha #338 Revista Odisseia de Literatura Fantástica, número 1


A Revista Odisseia de Literatura Fantástica é a primeira publicação deste evento que é um dos mais importantes do país para a Literatura Fantástica. Esta primeira publicação foi lançada gratuitamente entre os participantes durante a nona edição do evento. Consegui uma edição física, mas a digital você encontra aqui, no próprio site do evento. Felizmente para mim, o evento acontece em Porto Alegre e posso ir pegando apenas um ônibus. Foi muito bacana o evento e estava ansioso para ir desde que a pandemia obrigou uma pausa nos eventos presenciais. Não pretendo fazer uma crônica de como foi o evento para mim. Minha timidez impediu de falar com várias pessoas que gostaria, mas consegui conversar com várias que compartilham o amor pelo fantástico, e no fim foi muito bacana e proveitoso para mim.

Sobre a revista em si, temos alguns textos falando sobre a história do evento e a programação do evento. Também tem três contos fantásticos. Um de fantasia, Viagem a Skara Brae, Ana Lúcia Merege; outro de Ficção Científica, Casulos, Simone Sauressig e por fim o Terror com A Tumba do Maestro de Duda Falcão. Os contos são curtos mas muito bacanas, lidos numa sentada só. Estou ansioso pelo próximo evento este ano em 2024 e se vier com um segundo número como esse, melhor ainda!

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segunda-feira, 27 de maio de 2024

Resenha #337 O demônio de ferro (Robert E. Howard)


O demônio de ferro é o terceiro livro da box O Bárbaro da Ciméria da editora Pandorga. Já falei sobre o conteúdo da box na primeira parte da resenha e comentei sobre todos os contos até então. Continuamos na fase formulaica de Robert E. Howard com mais três contos. Sendo assim, vamos falar sobre cada um individualmente:

Sombras de ferro ao Luar é uma história de Conan em que ele já começa caçado após uma derrota do seu exército de mercenários. Em sua fuga encontra Olívia, uma princesa exilada, que encontra uma esperança no bárbardo cimério. Quando se refugiam em uma ilha no Mar Vilayet, e é lá que as coisas começam a piorar. Conan enfrenta uma série de perigos que se acumulam e o emboscam: uma criatura que o espreita na floresta, piratas que querem sua cabeça e o pior. Um santuário cheio de estátuas de ferro que ganham vida e destroem tudo que chega perto do santuário. É aquele conto que não te dá tempo de respirar de tanta coisa que acontece. Deve ter sido uma semana terrível para o Conan, mas para nós que gostamos de aventura, agradecemos!

Rainha da Costa Negra é o meu conto favorito de Conan. Nele Conan conhece Belit, uma capitã pirata que se apaixona pelo bárbaro. Juntos tocam o terror na costa sul, saqueando e pilhando com sucesso, até que decidem buscar os tesouros perdidos numa ilha afastada da costa. Lá acontecem uma série de eventos trágicos que vão mudar Conan para sempre. O grande barato do conto, é o final diferente e o tom épico que percorre toda a narrativa. Belit não é uma mocinha indefesa típica. Howard se liberta desta fase fazendo uma mulher poderosa que está na companhia de um homem apenas por sua vontade, porque sabe que juntos seriam imparáveis e não por precisar de proteção. Este conto, inclusive inspirou o livro A canção de Bêlit, que narra os três anos que Conan e Belit viveram juntos saqueando os mares do sul, que no conto é apenas citado.

Demônio de ferro é um conto baseado no enfrentamento entre Conan e uma criatura demoníaca e abissal no estilo lovercraftiano mas mais bestial e violenta. Novamente, apesar das inspirações, não se trata de horror cósmico, mas uma aventura violenta. Seria melhor encerrar com o conto anterior, porque depois de conhecer Belit nenhuma personagem feminina de Conan tem graça.

O livro termina com a tradicional Galeria de capas, das revistas onde os contos foram originalmente publicados e encerra com um texto sobre a outra mídia que difundiria ainda mais o bárbaro cimério na cultura pop: as HQs!

Este box eu achei sensacional, principalmente em custo benefício. É barato, tem muito conteúdo. Não são todos os contos de Conan, mas são os principais e é suficiente para conhecer o personagem.



Galeria de capas
Recepção de Conan nos quadrinhos

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segunda-feira, 20 de maio de 2024

Resenha #336 Revista Histórias Extraordinárias, numero 3


A Revista Histórias Extraordinárias editada pelo jornalista Marcos Cavalcanti e Mario Garnett foi lançada em dezembro de 2020 e até o momento está na sua sétima edição. Adquiri as três primeiras via Catarse, que acredito ser a principal forma de adquirir os números. A Editora Mundo trabalha com itens colecionáveis e alguns dos cartões vem como brinde nas compras por financiamento coletivo. A proposta é relembrar os tempos de revista pulp com narrativas de horror cósmico, sobrenatural e ficção científica. Como é comum nas revistas, há textos de outros tipos que circundam o tema. Uma entrevista, uma matéria e algumas pequenas resenhas de filmes, mas o grosso da revista é de contos.

A revista abre com um artigo sobre Ted Chiang e sua ascensão como um dos maiores autores de Ficção Científica da atualidade e como fez isso escrevendo apenas contos. O artigo faz um bom apanhado de seus principais contos e a adaptação ao cinema de Storys of your life com o filme A Chegada. Pousamos! é um artigo muito bacana sobre turismo espacial, desde a explosão da Challenger até as atuais viagens feitas por bilionários. Depois temos uma entrevista com Roberto de Souza Causo, um dos maiores de nossa Ficção Científica, e o meu favorito! Seguido de um conto de Shiroma, o segundo de sua nova fase após o primeiro ciclo de contos que podemos ler no livro Shiroma: a Matadora Ciborgue. Em Confronto nas Alturas, temos Shiroma fugindo de Pheonix Terra, até que é confrontada por caçadores de aluguel. Li cada linha avidamente pois estou acompanhando as histórias de Shiroma sempre que posso. Linha por Linha, de MV Garnet, conta a história de dois operadores de instrumentos que captam sinais que causam horror e pânico aos técnicos. Do Mar ao Cais de Mário Cavalcanti é um conto curtíssimo que mostra que a edição tem o tema da loucura presente na maioria dos contos.

O Palhaço na Máquina de Felipe Carvalho é o conto que ilustra a capa da revista é um conto muito envolvente, sobre uma médica psicóloga que atende uma menina que insiste que tem parentes imaginários. A investigação é muito bacana e o desfecho faz jus a publicação e a tradição dos pulps. O Caso das Máscaras de Chumbo de Davi M. Gonzales segue a linha do mistério que pode ser sobre alienígenas ou contato com outra dimensão. Achei o conto um pouco arrastado. Meu Mundo e Nada Mais de Paulo Fabrizio é uma versão muito bacana da invasão alienígena mais contada do que mostrada. Contudo, foi um conto bastante agradável de ler e encerra bem a publicação.


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segunda-feira, 13 de maio de 2024

Resenha #335 Matadouro 5 (Kurt Vonneguth)


Matadouro Cinco é um clássico da literatura dos Estados Unidos e um clássico antiguerra que usa a ficção científica, bom humor e sarcasmo para falar de temas pesados como o Bombardeiro em Dresden e o trauma que é levado para a vida civil da guerra.

Acompanhamos Bill Pillgrim, na verdade o próprio narrador falando sobre Bill Pillgrim e suas experiências como sobrevivente do Bombardeiro de Dresden, que foi um ataque aéreo devastador perpetrado pelas forças aliadas que dizimou a cidade de Dresden, matando mais pessoas que o bombardeio nuclear no Japão em Hiroshima ou Nagazaki. Bill é um típico sobrevivente da guerra, tendo lutado nela como soldado, que leva uma vida pacífica como optometrista, casado com dois filhos até que revela num programa de rádio que foi abduzido por extraterrestres que lhes ensinou outra forma de ver o tempo. Bill passa a viajar no tempo, através de perdas de consciência que o levam a outros pontos do tempo. Uma forma criativa de mostrar como a guerra nunca acaba dentro de quem se traumatizou com ela, não importa o quão feliz sua vida tenha sido depois do conflito. A ironia do autor surge na inutilidade e na falta de propósito em cada ato violento que ocorre, em qualquer escalão. Inclusive na mentalidade guerreira de outros personagens que cercam Bill, e na forma como vários outros personagens se adaptam aos horrores que vivem. Inclusive se você encarar as viagens de Bill, na pele de outros personagens.

Não há uma apoteose no final, pois o próprio livro fala da inutilidade de enxergar o tempo como uma sucessão de fatos sequencialmente organizados, mas há sequencias para falar de como ficou a cidade após o bombardeio. Os personagens são apresentados com seu destino descrito, como morrem e a finalidade se torna fugaz e um mero fato corriqueiro. O que abre espaço para muitas reflexões sem essas amarras. Tudo isso envolto em uma linguagem muito simples e cativante, que me conquistou para que eu procure novas leituras do autor. Agradeço ao Roberto Honorato do Primeiro Contato SciFi pela dica.

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segunda-feira, 6 de maio de 2024

Resenha #334 Nebulosa (André Cáceres)


Nebulosa é um épico espacial que me surpreendeu pela escrita simples e prazerosa, enquanto trazia uma trama aparentemente simples e com temas muito relevantes. É o que considero uma leitura relevante e potente num percurso divertido de uma boa leitura de praia.

Acompanhamos quatro fios narrativos: O primeiro é Dédalo, um jovem acólito de um culto pouco relevante para o império galáctico, chamado ciência. Sua vida é abalada pela descoberta de uma alta  possibilidade de tentativa de assassinato do rei Nimrod. O segundo fio é  Aurora. Uma filha superprotegida pela mãe. No entanto Aurora, resolve entrar para a guerrilha contra o Império em seu planeta na periferia dos seus domínios, que passa por miséria e uma guerra sem fim. O terceiro fio é de Ícaro. Filho mimado do imperador que passa a viver entre piratas espaciais. O quarto fio, gira entorno da família Suçuarana, outrora poderosa detentora da coroa, mas hoje sobrevive das migalhas do seu prestígio.

Particularmente, gostei de todas as linhas narrativas. Todas são baseadas em clichês que conhecemos. Dédalo, que é muito inspirado em Fundação. Aurora é a menina pobre com passado nebuloso. Ícaro é  filho rico que busca sentido na vida. O núcleo dos Suçuarana, com aquele tom palaciano de Game of Thrones (mas que sabemos ter se inspirado no clássico italiano O Leopardo). André consegue refletir o Brasil nas suas tramas, o que as óperas espaciais dos Estados Unidos fazem em relação ao seu próprio país. Lá é comum que as narrativas abordem impérios multiculturais ruírem sobre o próprio peso de suas atrocidades, sabendo que atraem o ódio dos conquistados. Já Cáceres, debate o peso das determinações sociais e preconceitos de um país que está mais acostumado a tirania, inclusive sendo fundado na base da exploração, como toda colônia.

Mesmo com a história simples e divertida de acompanhar em cada fio narrativo, o autor nos reserva a complexidade da trama para seus momentos decisivos, realmente conseguindo me surpreender, e nos trazer mais reflexões sobre e esse pobre império. Gostei bastante das brincadeiras com as nomenclaturas e referencias a nossa cultura que me fez pensar que o autor poderia fazer mais volumes sobre esse universo que eu leria sem parar de virar páginas, contudo as páginas acabam rápido mas deixam uma boa leitura e reflexões sobre nós.

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segunda-feira, 29 de abril de 2024

Resenha #333 O poço macabro (Robert E. Howard)


O poço macabro é o segundo livro do box O Bárbaro da Ciméria da editora Pandorga. Já falei sobre o conteúdo da box na primeira parte da resenha. Agora vamos direto ao conteúdo do segundo livro. Além dos contos, temos outros textos que nos falam mais sobre o autor e este mundo criado para as aventuras de Conan. O livro abre com o texto O estereótipo de Conan, um texto sem autoria que fala sobre o estereótipo que se criou a partir do personagem e sobre a época difícil da vida do autor na época da Grande Recessão, quando se viu obrigado a criar histórias que repetissem uma formula de sucesso, para garantir que fossem publicadas e daí ajudar o autor a se sustentar numa época difícil. O que acabou soando um pouco como "então, daqui para a frente os contos são todos muito parecidos". Sendo assim, vamos falar sobre cada um individualmente:

A Sombra no Palácio da morte, que originalmente se chama A Sombra Rastejante e depois rebatizado Xuthal do Crepúsculo, é uma típica aventura de Conan. Começa com o bárbaro acompanhado de uma brituniana chamada Natala, vagando perdidos no deserto até que encontram uma cidade perdida e decidem entrar em busca de ajuda. O que encontram é uma cidade deserta apenas com corpos mortos espalhados pelo chão. Logo descobrem que essa cidade é Xuthal, uma cidade ancestral perdida e aqueles corpos não estão mortos, mas entorpecidos e vivendo no mundo dos sonhos. Algo que me lembrou os arconidas da série Perry Rhodan, embasbacados e definhando com sonhos induzidos. Lá também encontram Thalis uma serviçal sexual dos habitantes daquela cidade que deseja Conan para si, obrigando o cimério a decidir sobre como enfrentar essa ameaça. O conto tem como protagonsita a própria cidade, que é explorada durante o conto. Uma viagem cheia de mistério e perigo. Contudo, não acrescenta muito sobre Conan e sua relação com Natala é aquela de garanhão salvando a mocinha em perigo. Não adianta falar muito sobre isso pois esta é justamente a fórmula que o texto inicial fala sobre.

O poço macabro é uma aventura do Conan pirata, que começa quando Conan está a deriva no mar e salta para a embarcação do Capitão pirata Zaporavo. Conseguindo se impor para salvar sua vida, é aceito na tripulação do violento capitão. Apesar de ganhar a simpatia da tripulação, Zaporavo o vê como uma ameaça, principalmente pela evidente atração que Sancha, sua escrava, sente pelo bárbaro. Quando o barco de Zaporavo atraca em uma ilha desabitada, a tripulação se depara com uma ameaça maior que eles, então Conan tem que enfrentar essa ameaça enquanto lida com o capitão do navio, para salvar Sancha. É um conto muito divertido. Formuláico, é verdade, mas é muito bacana ver o Conan pirata.

Inimigos em casa é uma história de intriga palaciana. Desta vez Conan não é o rei, mas entra na história de gaiato. Murilo, um nobre da corte que conspirava contra o Nabonidus, o Sacerdote Vermelho é descoberto e foge diante do perigo de ser assassinado. Contudo, em sua fuga acaba preso junto com Conan que oferece uma recompensa caso o bárbaro se livre de Nabonidus. A missão ganha desdobramentos perigosos e pode fazer com que nenhum deles saia com vida. Obviamente conhecendo Conan, sabemos que ele vive no final, mas o conto não deixa de surpreender menos por conta disso. Um conto de calabouço com exploração e armadilhas muito divertido aguarda o leitor.

O livro termina com a galeria de capas das revistas que publicaram os contos deste livro. Por fim, um texto com uma breve biografia do autor, para expandir o universo e entrar um pouco na mente o criador de Conan. Foi uma leitura rápida e divertida. Os contos são divertidos e a construção de mundo, e da vida riquíssima de Conan me fez ler o terceiro livro logo na sequência do segundo. Uma regra que dificilmente quebro, de ler dois livros seguidos do mesmo autor. Agora é esperar mês que vem que meus pitacos sobre o terceiro livro já saem aqui no blogue!

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segunda-feira, 22 de abril de 2024

Resenha #332 Revista Histórias Extraordinárias, numero 2


A Revista Histórias Extraordinárias editada pelo jornalista Marcos Cavalcanti e Mario Garnett foi lançada em dezembro de 2020 e até o momento está na sua sétima edição. Adquiri as três primeiras via Catarse, que acredito ser a principal forma de adquirir os números. A Editora Mundo trabalha com itens colecionáveis e alguns dos cartões vem como brinde nas compras por financiamento coletivo. A proposta é relembrar os tempos de revista pulp com narrativas de horror cósmico, sobrenatural e ficção científica. Como é comum nas revistas, há textos de outros tipos que circundam o tema. Uma entrevista, uma matéria e algumas pequenas resenhas de filmes, mas o grosso da revista é de contos.

A revista abre com uma resenha da série de ficção científica The Expanse, por Robert Rios, que em poucas palavras traça um panorama da série para quem não conhece. Depois, segue com o Departamento de Ciência com o artigo Eles, Robôs de Marco Lazzeri, que faz um histórico dos robôs exploratórios lançados pela humanidade, com enfoque nos enviados a Marte. A publicação segue com uma entrevista com o autor Gerson Lodi-Ribeiro, sobre sua obra e gosto pela ficção científica como um prelúdio par ao primeiro conto da edição do próprio autor Xenopsicólogos na Fase Crítica, um conto muito intrigante sobre contato alienígena, muito criativo ao imaginar tanto o planeta quanto a espécie que os cientistas travam contato. Na largada, o melhor conto da edição.

Causa ou Efeito de Paolo Fabrizio Pugno traz outro conto de exploração de exoplanetas, mas com uma abordagem mais para o psicológico. Gostei bastante do conto. Elo de Vinícius de Freitas, é um conto curto que traz uma invasão alienígena a Terra, com uma ironia bem encaixada no conto. Boa leitura. Recontato por Paulo Bayer, nos trás outra história de exploração xenobiológica na Lua Europa onde uma estrutura escondida no gelo revela segredos ancestrais. Excelente conto. 

O saldo da revista é bom, e esperava que ela melhorasse em relação a número um e melhorou. Gostei da organização dos textos, sendo primeiro os de não ficção, com recomendações, entrevistas e a segunda metade com contos que orbitavam um tema em comum, exploração de exoplanetas e raças alienígenas. Boa coleção de contos e de artigos, acredito que a ideia dos pulps foi melhorada, pois os contos são condizentes com a produção brasileira e a qualidade do papel está longe de ser o jornal barato. Vamos ver como foi a terceira revista.




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segunda-feira, 15 de abril de 2024

Resenha #331 Iceberg (Fernanda Caleffi Barbetta)


Iceberg é um livro de microcontos escrito pela Fernanda Caleffi Barbetta, que se encaixa numa modalidade literária pouco explorada, que são os microcontos. Já falamos sobre outro livro de microcontos na resenha de Jogo da Im(paciência) da Giselle F. Bohn, livro lançado na mesma coleção Mulherio das Letras, uma coleção de livros pocket escrito apenas por autoras. O microconto é basicamente a arte de contar uma história da mesma forma que o conto, mas com um número de palavras muito reduzido. Fernanda tem um estilo próprio de construir seus micros. São contos muito enxutos, onde o que lemos é praticamente o elemento que nos instiga para a história do que uma história em si. 

Para conhecer mais sobre a arte do microconto, recomendo o podcast do portal Lume onde Giselle foi entrevistada junto com Fernanda C. Barbetta e com este que vos bloga!
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segunda-feira, 8 de abril de 2024

Resenha #330 Bill, Herói Galáctico (Harry Harryson)


Meses atrás, havia chegado a vez de ler Tropas Estelares, do Robert Heinlein e por mais que eu tenha gostado da história, da forma epistolar, como lembranças de um combatente e das cenas de ação, a ideologia que move o governo da Terra, orbitando na vida militar, é um completo conjunto de besteiras que se leva a sério demais. Não me desceu a suposta interpretação de que Heinlein não acreditava naquilo e na verdade tratava-se de uma sátira. Principalmente porque uma verdadeira sátira foi escrita anos depois por Harry Harrison. Esta obra se chama Bill, Herói Galáctico.

Na história, acompanha Bill, um agricultor que vive num planeta distante do centro do Império e sonha se tornar Técnico em Fertilizantes, mas uma convocação coloca Bill no epicentro de uma guerra contra uma raça alienígena, chamados de Chinger. Desde então começa o suplício de Bill para poder terminar seu tempo de serviço e voltar a seu mundo. Porém, o sistema sempre dá um jeito de engolir todos os sonhos e intenções de Bill e ele é levado para cada vez mais longe de casa. Bill em seus primeiros dias de serviço salva a nave ao destruir uma nave inimiga e é convidado ao planeta central do Império (equivalente a Trantor de Fundação) receber uma honraria do imperador, mas tudo sai do controle e Bill é tragado por conspirações, enganos e desenganos.

A linguagem do autor e a cadeia de cada acontecimento é baseada no absurdo da guerra e da burocracia. Temas muito fortes tanto em 1958 quanto em 1965, lançamento de Tropas Estelares e de Bill, Herói Galáctico. É importante ler como uma série de esquetes, cheias de ironia e humor ácido. Bill é alistado após ser bombardeado com drogas hipnóticas e exposto a imagens de um uniforme de gala que nunca vestirá. Deixa mãe e um irmão que ainda é criança, sem ter como se sustentarem. Bill perde o braço e recebe apenas uma medalha e descaso do governo. Mas há passagens engraçadas que podem tirar um riso de quem conseguir entrar no clima do livro. Acho importante saber o contexto, principalmente se você leu Tropas Estelares e já pescou que o filme é muito mais perto de Bill que de Juan Rico. Desta forma vai gostar tanto do livro como eu.
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segunda-feira, 1 de abril de 2024

Resenha #329 Croniquetas do Atendente (Mauro Scheuer Messina)


[Resenha publicada após o dia 1º de Abril para que não hajam acusações de esteja falsamente tomando partido na contenda entre o livreiro e o professor LD.]

Croniquetas do Atendente é um livro de crônicas com histórias que se passam numa livraria conhecida do Centro Histórico de Porto Alegre, a Ladeira Livros. O autor é nada menos que o dono desta livraria. Não há como fugir da localidade peculiar onde se passam as histórias e o autor não tenta fazer algo universal sobre algo tão particular. Quem conhece a livraria, conhece seu dono e os frequentadores mais conhecidos. Contudo, mesmo sem tal pretensão, Mauro acaba abordando assuntos universais e até espinhosos, como seu posicionamento político a esquerda, com leveza, ironia e bom humor.

As artes de Paulinho Aguiar são um show a parte, pois seu traço transmite a leveza do projeto e o ambiente aconchegante da livraria. Obviamente, por ser um frequentador da livraria, minha resenha é contaminada pelo envolvimento com o lugar. Atualmente não ando tanto pela região do Centro Histórico de Porto Alegre, mas sempre que passo pela região, não me furto de fazer uma visita de médico por lá. Além disso, o grosso dos leitores é frequentador da livraria e/ou foi da Banca do Mauro que ficava no Campus de História da UFRGS. Sendo assim, posso apenas imaginar como deve ser para um leitor que não faz ideia de quem seja o Mauro, como seria ler esse livro. Num exercício de imaginação, diria que é como conhecer um personagem que vai se construindo na frente do leitor a cada pequena crônica e fazem um conjunto muito completo daquele ambiente. Se o leitor deste humilde blogue resolver se arriscar, vai encontrar uma leitura leve mesmo nos momentos mais pesados e vai passar as páginas com um sorriso de canto de boca com as tiradas do Mauro. Como já conheço um pouco o livreiro, digo apenas que estou no aguardo da sequência e de uma versão escrita pelo Profº LD. 

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