quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Resenha #7 - A Máquina de governar (Philip K. Dick)

A máquina de governar (The Vulcan's Hammer) é um livro pouco conhecido de Philip K. Dick. Foi publicado pela primeira vez em 1960. Em língua portuguesa só existe a versão portuguesa da Coleção Argonauta. Para quem não gosta ou não está habituado a escrita ao modo dos lusitanos, é difícil acompanhar a história. Particularmente usei esta obra para me habituar as peculiaridades da língua características em toda a Coleção Argonauta, tendo em vista que é a única versão não tive muita escolha além do inglês. Como a trama não é complicada, ainda que não deixe de ser interessante, foi um bom começo. Bem, vamos falar da história dele. 

O livro nos leva a um mundo futurista onde governos foram substituídos na arte de governar por um por um computador racional e que se autorrepara. Este computador se chama Vulcan e ele está na sua terceira versão, sendo o atual regente designado Vulcan 3. Para cuidar do computador fornecendo tudo que este designasse surgiu uma organização chamada "Unidade". Ela reorganizou o planeta em zonas administrativas, que suprimiram os países. Durante a história acompanhamos vários personagens, mas principalmente o diretor da zona  Norte da América, William Barris e o Diretor Geral James Dill. Como todos os personagens principais de Dick tem falhas de caráter misturadas com qualidades, sempre fugindo do maniqueísmo na elaboração dos personagens. 

A Unidade se assemelha bastante ao Partido Nazista, não apenas pelos uniformes elegantes, cinzentos e ornados com faixas vermelhas nos braços, mas também na organização piramidal e no constante clima de paranoia e denuncias entre os diretores com o simples objetivo de galgar degraus na organização. Para os civis trata-se de um mundo bastante opressivo, uma ditadura de fato, como podemos notar nas cenas iniciais em que Dill vai buscar uma menina especial em sua sala de aula e o diálogo que se segue entre os dois. O centro psicológico de Atlanta é sempre mencionado com medo por todos os personagens.

Como se trata de um romance bem curto e narrado de forma bastante frenética, principalmente do meio para o final, não quero entregar muito a história. O que acho que pode ser dito sem estragar a leitura é que temos uma organização que luta contra o governo de Vulcan 3, chamada Os Curandeiros, liderada pelo Padre Fields. Quando um diretor chamado Pitt é assassinado pelos curandeiros Barris resolve investigar sua morte. James Dill também faz a sua investigação, contudo ele se consulta secretamente com o computador antecessor a Vulcan 3, o Vulcan 2. O jogo de paranoia e poder se inicia a partir dai e os computadores são peças chave na trama.

Está e uma novela considerada fraca, frente as grande obras do autor. Algo que conta contra o livro é o tema tratado (Estado Totalitário) já havia sido abordado e as questões filosóficas do autor estarem pouco presentes, contudo, merece ser lido porque é um livro digamos "redondo", tem bastante ação e para quem é fã do autor vai notar o dilema do limite homem-maquina em meio a loucura e paranoia que tomam conta daquele mundo.

Capas de versões em inglês
Baixe a versão em inglês (Vulcan's Hammer) 

  

Ficha técnica: "A Máquina de governar" (Vulcan's Hammer); Autor: Philip K. Dick; Editora: Argonauta; Nº de páginas: 209; Ano: 1974 (1960); Aquisição: Comprado em sebo por (segure-se na cadeira) 2 reais.

Atualização de 2021: Agora tem versão em vídeo deste livro, no canal Diário de Anarres, no YouTube, que complemente este texto. Confere lá:


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