[SEM SPOILERS]
Cyberstorm de Matthew Mather é a narrativa de uma projeção desastrosa de um caos dos sistemas informatizados do país num quadro onde tudo dá errado. O elemento humano é limitado pelo patriotismo estadunidense, assim como as reflexões sobre a sociedade tem que se adaptar ao quadro tecnológico criado pelo autor.
Cyberstorm de Matthew Mather é a narrativa de uma projeção desastrosa de um caos dos sistemas informatizados do país num quadro onde tudo dá errado. O elemento humano é limitado pelo patriotismo estadunidense, assim como as reflexões sobre a sociedade tem que se adaptar ao quadro tecnológico criado pelo autor.
A estória
Michael Mitchell, um engenheiro que mora com sua esposa, Lauren, e o filho, Luke, em Nova Iorque. Após um churrasco em família com amigos tudo que depende da internet começa a falhar. Começando pelos smartphones, aos sistemas de um supermercado e até o fornecimento de eletricidade e água. Os personagens, pessoas comuns, vão descobrindo pela ausência dos serviços o quão dependente estão da internet. Somando a isso uma nevasca histórica está a caminho impedindo a chegada dos serviços de manutenção e o socorro. Elementos caóticos se completam com o governo isolando a ilha de Manhattan por ameaça de gripe aviária. Esse quadro gera a perda dos laços sociais levando os personagens ao limite.
O catalizador de tudo isso é um ataque cibernético aos sistemas informacionais dos Estados Unidos. A paranoia toma dos personagens por não saberem a origem do ataque.
O catalizador de tudo isso é um ataque cibernético aos sistemas informacionais dos Estados Unidos. A paranoia toma dos personagens por não saberem a origem do ataque.
Em defesa do Leviatã eletrônico
A narração em primeira pessoa e a divisão em pequenos capítulos correspondentes aos dias confere agilidade a trama que tem bons momentos de tensão. O cenário construído faz a linha do "cinema desastre" (Ainda que não seja cinema, a escrita é bem roteirizada. Tanto é que vai virar filme) que mostra os Estados Unidos frágeis frente as ameaças externas de invasão. O livro explora a tensão entre o estado de paranoia com a frágil tentativa de manter os laços sociais mínimos para a sobrevivência.
A tecnologia não é estigmatizada como aliada ou inimiga e isso é um ponto forte do livro e os debates (característico da cultura estadunidense) são provocantes. Contudo a posição do autor se manifesta implicitamente na sua habilidade de condução da história. Os argumentos que mostram a liberdade ameaçada pela vigilância na internet estão lá, chegam a vencer do debate, mas os personagens que argumentam são apáticos e frágeis laços sociais são mantidos pelos "perdedores" do debate, quando os personagens que não vêem problema em serem vigiados, restauram de modo emergencial uma pequena amostra da restauração dessa vigilância, com o programa de Damon.
Considerações finais
A escrita é habilidosa em conduzir o leitor as conclusões que o autor deseja e faz um apelo a família. A escrita em primeira pessoa tem o objetivo de conduzir um leitor médio estadunidense como um rato de laboratório dentro da história/projeção de estilo realista. Essa regionalidade faz o livro ficar distante do leitor brasileiro, ou ao menos, nos instiga a adaptar mentalmente essa projeção para nossa cidade. Em Porto Alegre não seria tão emocionante.
Livro lido para esta resenha:
MATHER, Matthew. Cyberstorm. Aleph, 2015. 363 p.
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