sábado, 6 de fevereiro de 2016

Resenha #17 - As Crônicas Marcianas (Ray Bradbury)

[SEM SPOILERS]
As crônicas Marcianas são um apanhado de pequenos contos que o autor publicou em revistas pulp entre 1946-58, posteriormente agrupadas e publicadas de forma que juntas constituem uma narrativa linear. Uma visão cotidiana da grande jornada humana colonizando Marte, pelos humanos e também pela visão dos marcianos.

A história
O que liga todos os contos é a colonização humana em Marte. Somos apresentados a diversas histórias que vão desde as primeiras expedições, passando pelas ondas migratórias até seu melancólico desfecho. Nesse meio tempo temos o encontro de um padre com esferas de luz nativas, um casal que reencontra vivo o filho que havia falecido a muitos anos, os sonhos de uma marciana, entre outras histórias.

Epopeia no cotidiano e a solidão
A grandiosidade de um evento como a colonização de um outro planeta é maravilhosamente colocada ao pano de fundo pela visão cotidiana dos homens. Apesar de trazer o ponto de vista alguns marcianos, todos são muito humanos, isso fica evidente já no segundo conto. 
As relações conflitantes com os marcianos beberam muito da colonização das Américas pela violência e preconceito no início e depois nas visões de cidades vazias - marcas de uma cultura desconhecida e perdida - que os personagens são expostos quando percorrem o planeta. As cidades dos humanos também são vislumbradas vazias em certas partes, pois algo que perpassa o livro todo é a solidão, são jornadas solitárias contatas, chegando ao cúmulo do conto que o personagem principal é uma casa vazia. 
O temor da bomba atômica, muito presente naquele período, se faz presente numa critica melancólica e embala as reflexões finais da obra.

Considerações finais
A prosa de Bradbury é algo que se destaca dos outros escritores da Ficção Cientifica por ser muito acima da média. Obviamente, do ponto de vista científico os detalhes técnicos estão muito datados, pelo simles fato de sabermos não existir vida parecida com a nossa e isso faz o livro parecer, a olhos atuais, uma paródia de uma colonização, mas o elemento humano conserva atual hoje e, provavelmente, por muito tempo ainda.

Sobre a edição lida para a resenha: As Crônicas Marcianas de Ray Bradbury. Escritas entre 1946 e 1958, e compiladas posteriormente. A edição lida para esta resenha foi publicada pela Francisco Alves em 1980 e possui 210 páginas. É possível achar essa versão com relativa facilidade em sebos. 

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