terça-feira, 8 de outubro de 2019

Resenha #105 - A cidade e as estrelas (Arthur C. Clarke)

"A cidade e as estrelas" de Arthur C. Clarke, de 1957, foi baseado em uma novela de duas décadas antes. A obra consegue trazer temas e extrapolações ainda relevantes hoje mesmo passado mais de meio século depois de escrita, ainda que tenha elementos bem calcados no seu tempo Clarke consegue extrapolar a Guerra Fria buscando soluções sempre além disso. A história se passa milhões de anos no futuro e o texto consegue transmitir muito bem essa distância temporal. 

Acompanhamos Alvin, que vive numa metrópole isolada do resto da Terra e do universo chamada Diaspar. Nela, a cidade é governada por um computador central e a morte foi derrotada completamente e os habitantes dedicam seu longo tempo de vida para seu próprio prazer, sem compromissos ou laços familiares fortes. O poderoso Computador Central de Diaspar provê comunicação instantânea, inclusive com hologramas sólidos e interações a distância muito mais complexas que a ainda distante internet. Apesar de todas essas benesses, os habitantes de Diaspar são desencorajados a sair da cidade baseados num acordo de paz lendário com antigos inimigos chamados apenas de Invasores, que aceitaram não atacar a Terra desde que não voltassem a explorar o espaço. Contudo, Alvin quer conhecer o mundo e o universo que há fora de Diaspar.

Infelizmente se faz necessário um spoiler que acontece antes da metade do livro, quando o mundo parece bem estabelecido: A cidade de Lys é encontrada por Alvin vasculhando uma antiga estação de transporte nos subterrâneos de Diaspar. Na cidade, Alvin encontra Hilvar que se torna um grande amigo. Lys se mostra uma outra Utopia de harmonia com a natureza, cultivo de plantas e criação de animais e apesar de ainda lidarem com a morte, desenvolveram habilidades telepáticas. Ambas as cidades são extrapolações das ideologias da Guerra Fria, de um lado Diaspar se apresenta como um shopping center dos sonhos, um templo voltado ao prazer entediado de tanto consumo enquanto Lys é uma comunidade autogestionada de contado pacífico com a natureza. Ainda que também sejam isolacionistas e temerosos em relação aos invasores. Alvin atua, com sua curiosidade, no  rompimento dessa barreira contruí há milhões de anos.

A escrita de Clarke é bastante agradável, dando uma boa forma as suas ideias fantásticas que são o forte de sua obra. Além do mais é autor clássico em uma obra clássica da Ficção Científica que envelheceu bem e ainda merece atenção dos novos leitores. Recomendado!

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