"Imaginários Volume 1" É uma revista-coletânea da Editora Draco. O primeiro de uma longa série que reúne várias amostras do fantástico, fantasia e ficção científica. Os contos tem pouco a ver um com o outro (e muito menos com a ilustração da capa) mas consegue trazer boas histórias.
Coleira do amor (Gerson Lodi-Ribeiro) - Félix perdeu sua amada Theresa mas não consegue aceitar a perda pois tem um sistema inibidor instalado que o impede de parar de amá-la. O conto tem momentos finais muito tensos, que envolvem violência sexual. Apesar do exagero na descrição das cenas, consegue fazer uma boa discussão sobre o livre-arbítrio, em relação aos sentimentos, e o pós-humano. Já resenhado na publicação sobre Fractais Tropicais.
Eu, a sogra (Giulia Moon) é uma fantasia muito divertida sobre uma bruxo que conhece uma nora muito inconveniente. Lembra muito o mundo de A Feiticeira, pela abordagem divertida e bem elaborada para uma ficção tão curta.
Veio... novamente (Jorge Luiz Calife) escrito pelo veterano da FC brasileira, trás uma ficção científica com cara de filme americano enlatado, contando a história de uma família estadunidense que se depara com um contato extraterrestre no deserto de Mojave. O conto é bem escrito mas o enredo não consegue sair do óbvio.
A encruzilhada (Ana Lúcia Merege) Uma fantasia ao estilo clássico, tendo na existência de magia e de uma ordem de magos soldados o foco, tem um início que promete muito mas encerra muito menos. A linguagem é excelente, mas o encerramento dá a impressão de ser algo maior. O que se provou verdade após uma pesquisa pelos enredos nos seus trabalhos.
Por toda a eternidade (Carlos Orsi) conto curto mas que mistura muito bem a ficção científica, crime e humor. É um dos meus contistas de FCB favoritos e eleva o nível da antologia.
"Twist in my sobriety" (Flávio Medeiros) conto que ambienta a Terra pós-invasão pacífica porém tomada de paranoia. Emula o clima da Guerra Fria, onde os vilões são falsos libertadores que trazem muitas benesses mas escondem planos funestos. Os valores individualistas e conservadores são os trunfos do protagonista. Tudo é feito de maneira bastante original e criativa.
Um toque do real: óleo sobre tela (Roberto de Sousa Causo), Conta a história de um pintor que acorda enxergando o mundo sob o prisma de pinceladas de pinturas do seu estilo. Lembra bastante um enredo de Philip K. Dick pela estranheza mas ela não dura até a conclusão, que traça um caminho longe do estilo de PKD.
Alma (Osíris Reis) mistura fantasia e ficção científica em um conto bastante complexo e reflexivo, principalmente pelo ponto de vista de uma extraterreste que pretende resgatar sua filha.
Contingência, ou Tô pouco ligando (Martha Argel) tem um interessante tom misturando relato com artigo de revista ou crônica, com um argumento ecologista e vários termos ligados a biologia e a geografia. O tom bem humorado faz o conto ser uma leitura agradável.
Tensão Superficial (Davi M. Gonzales) é a aventura de um estudante que junto dos amigos, depara-se com um mistério inexplicável em um prédio velho. O conto é curto mas não consegue engatar até o final fraco.
Planeta Incorruptível (Richard Diegues) narra momentos de uma invasão extraterrestre que tem de lidar com a negação de eventos teológicos católicos como a aparição de santos e a ideia do Deus Único, rejeitados firmemente pela ideologia dos invasores.
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