segunda-feira, 17 de julho de 2023

Resenha #294 As Crônicas de Kérdar: O Mestre das Sombras (Eduardo Alós)

 



"O Mestre das Sombras" é o segundo livro d'As Crônicas de Kérdar, do autor alvoradense Eduardo Alós. Já falamos da primeira obra que apresenta o mundo mágico de Kérdar, baseado na mitologia nórdica onde guerreiros humanos e elfícos, travam uma guerra estúpida que mascarou um grande mal encarnado nos Dragões Vermelhos. Apesar de uma vitória e a formação de uma tríade de magos representados pelas raças que se uniram contra os Dragões Vermelhos (elfos, humanos e anões), era esperado que uma nova ameaça surgisse, anos mais tarde. No caso, foi mais de um século, quando os Dragões Vermelhos se tornaram histórias para apavorar crianças, e a tríade Nahon havia trocado seus membros algumas vezes.

Tudo começa quando Mezmelus, um humano filho de uma família de pescadores é convocado para ser o humano nahon, porém algo em sua personalidade não combinava com o que se espera de um mago da tríade. Eventos trágicos vão levar o mago que deveria proteger Kérdar em sua maior ameaça. Exatamente, o protagonista deste livro é o vilão, pois é ele quem movimenta a trama e sua jornada de decadência e corrupção é muito bacana de acompanhar. Um bom vilão ajuda qualquer obra a ganhar o senso de urgência necessário para fazer o leitor virar páginas sem parar, mas o melhor do livro é a construção de mundo. Kérdar está melhor trabalhada neste retorno. Mais raças se envolvem na guerra eminente, como os Ogros, Gigantes de Gelo (Ionymir), Hamtammr (Lobisomens) e Gnomos e novos personagens das raças conhecidas (humanos, elfos e anões) melhor trabalhados, mesmo com pouco espaço para cada um, pois há muitos personagens mas eles brilham como podem. Obviamente que alguns não tem como ser trabalhados profundamente mas os que são são bem feitos, como Erik, o irmão de Mezmelus, que quer impedir seu irmão mas é apenas um humano comum; Gabil, um anão que carrega uma mágoa do passado; Almaar, que vê o mundo que devia proteger definhar e não encontra uma saída; e até o Thymyr, Rei dos Gigantes, que não aceita cegamente as ordens do Mestre das Sombras.

A receita básica e batida das sequências, que é a do "mais e maior", não se aplica aqui. Obviamente temos uma batalha maior e mais desgastante, mas ela também é mais humana. Não por envolver mais humanos, mas com mais elementos que nos fazem envolver e nos importar mais com os personagens. Isso não torna a guerra menos estúpida e mesquinha, por mais que apoiemos o lado que quer apenas sobreviver, mas temos uma mensagem sobre o coletivo sobre o individualismo, na própria estrutura da história. Se no primeiro livro, surgem heróis que por seus feitos mágicos e poderes se tornam lendas, no segundo livro, o esforço coletivo de vários seres comuns (no caso dos magos, enfraquecidos, não pela sua magia) conseguem fazer frente a ameaça do Mestre das Sombras. Recomendo bastante para quem gosta de fantasia e quer devorar um livrão do tamanho de um tijolo, pois aqui ele estará bem servido. E para terminar a resenha com mais uma referencia culinária: mal posso esperar para repetir o prato pela terceira vez!   
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário