terça-feira, 28 de maio de 2019

Resenha #95 - Mona Lisa Overdrive (William Gibson)

Mona Lisa Overdrive é o livro que encerra a Trilogia do Sprawl de William Gibson, que iniciou com Neuromancer e continuou com Count Zero. No primeiro livro Gibson nos apresentou a matrix, e o conceito de ciberespaço, a alta tecnologia com baixa qualidade de vida que caracterizam o cyberpunk. Na sequencia, as inteligências artificiais derivadas das transformações na matrix nos apresentaram os Loa, divindades do Vodu muito poderosas. Na conclusão da saga, temos de volta os elementos predominantes nos dois livros.

A primeira coisa que notamos é a estrutura narrativa de acompanhar vários personagens em separado que convergem para uma mesmo final onde suas histórias se cruzam, como em Count Zero. Dessa forma, acompanhamos Kumiko Tanaka a filha de um membro da Yakuza enviada a Londres pelo seu pai para protegê-la de um conflito na organização. Ela fica na casa de Swain, um ambicioso homem do submundo. Angela Mitchell, que depois de ter sido salva por Turner no livro anterior, agora é uma estrela da mídia mas que luta para se livrar da influência do Loa. Mona, uma prostituta que é contratada para uma transformação corporal. É viciada em drogas e faz pouca ideia de onde está se metendo.  Também temos Gendry e Cherry, um cowboy e uma paramédica que cuidam de um misterioso homem preso ao ciberespaço. Por fim, temos a volta de Molly Millions que está sendo perseguida por uma IA vinda de seu passado.

A escolha por várias linhas narrativas e praticamente todas elas guiadas por mulheres é muito bacana, pois dá um sentido de catarse no seu fim, contudo aqui as coisas demoram mais para engrenar, pois o livro (e a trilogia também) vão chegando ao final e as explicações não aparecem. Porém quando aparecem e a sequência final na fábrica são excelentes apesar de muito curtas. Muita coisa acontece ao mesmo tempo e não conseguimos apreciar de forma adequada porque o texto fica muito corrido. Isso já era um problema em Count Zero, mas aqui fica mais evidente pois temos mais linhas narrativas e resoluções de toda uma trilogia.

Apesar de todas essas ressalvas, quem chegou até aqui é porque gostou minimamente dos outros livros e então vai conseguir gostar deste também. Não se trata apenas de sua importância conceitual (já marcada na história pelo primeiro) mas também como história. Recomendo a leitura com peça essencial para aprofundar o cyberpunk.

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